Estação Agronômica de Rio dos Cedros
Em Santa Catarina, no final do século XIX, foi criada a Estação Agronômica e de Veterinária do Estado, na colônia italiana de Rio dos Cedros, então pertencente ao município de Blumenau (Santa Catharina, 1900/Lei n° 166, de 28.09.1895)
A Estação Agronômica de Rio dos Cedros estava localizada nos terrenos onde reside Tercílio Marchetti com a “Fábrica de Molas Marchetti S/A”.
Nesses terrenos, o Governo do Estado, pelos fins do século passado, organizou um campo experimental de agricultura para maior incentivo e progresso da colônia.
Para dirigi-lo, contratou o Engenheiro Agrônomo, Dr. Giovanni Rossi, italiano, da cidade de Pisa, que já estava exercendo a sua profissão em Paraná, onde fundara, em 1890, de acordo com o Governo Brasileiro, uma colônia italiana composta de famílias provenientes da Lombardia e da Toscana; denominando-a “Cecília”.
Em Rio dos Cedros, morava numa casa situada dentro do próprio terreno da Estação Experimental.
Ele, não somente dirigia a colônia experimental, mas prestava, também, seus serviços a outros centros italianos.
Sua dedicação ao trabalho profissional agrícola superou os limites de sua própria personalidade. Não media tempo e nem sacrifícios.
Fez da Estação Agronômica de Rio dos Cedros, um Verdadeiro modelo de experiência no gênero.
Dividia o terreno em pequenas quadras cada qual com um tipo especial de cultura: trigo, cevada, centeio, feijão, café, fumo, oliveiras parreiras, macieiras, pereiras, hortaliças, mudas de todas as espécies de frutas, etc. Os da velha guarda ainda se lembram daquelas frondosas oliveiras plantadas ao longo do rio, que produziam azeitonas de tão alta qualidade quanto as estrangeiras.
O plantio da oliveira foi iniciado por muitas famílias, mas como o produto não tinha comercialização, desapareceu. A última relíquia desse tipo de cultura, foi destruída pelo vento, no terreno de Genésio Zanella. O café e a parreira, entretanto, subsistiram. Não havia família que não aproveitasse do incentivo da Escola,
Devido a sua fama de botânico, era conhecido em diversos países, motivo pelo qual adquiria com facilidade sementes selecionadas da Itália e da Ásia. Dr. Rossi costumava dizer:
“La buona semenza produce la fortuna, la bruta semenza, il desastro”
Os alunos da Estação Experimental pertenciam em geral à escola primária local e frequentavam duas vezes por semana as aulas teóricas e práticas do Dr. Rossi. Cada um escolhia o ramo de agricultura de sua preferência. Em casa deviam praticar o que tinham aprendido na escola. Depois, a melhor amostra do produto era premiada.
O menino Ferdinando Valandro, falecido com 88 anos de idade, tentou iludir, uma vez, o seu mestre, trazendo de casa uma bela amostra de trigo, que adquirira do recém-chegado da Síria, Manoel Kuri, com o fim de merecer uma nota de louvor e um bom prêmio. Dr. Rossi, porém, reconheceu imediatamente a amostra e a trama do menino. Não era fruto do seu trabalho. Por isso foi desclassificado e por pouco não apanhou. Quem narra o episódio é o próprio Valandro, nascido em 1895.
O progresso agrícola de Rio dos Cedros foi bastante acentuado, especialmente no setor referente ao fumo. O mesmo Dr. Rossi pro. curava dirigir a exportação desse produto, prestando relevantes serviços ao comércio e aos agricultores.
Giovanni Rossi, outrossim, era um anarquista renitente. Por isso encontrou uma forte oposição por parte dos Frades Francisca nos. Insinuavam o povo não lhe dar crédito aos seus ensinamentos agroculturais, porque, diziam eles, não se pode aceitar conselhos de um anarquista.
Dr. Rossi, porém, superior a essas críticas, jamais, desencadeou qualquer propaganda antirreligiosa, dedicando-se exclusivamente ao progresso da agricultura. Com ele trabalhava outro homem estudioso desde 1901 a 1904, na pessoa de Emembergo Pellizzetti, que em seguida foi para Ascurra e depois para Rio do Sul.
Com ele, ainda trabalhou como recepcionista e porteiro, Luís Dorigatti, falecido em Blumenau, Ponta Aguda, com a idade de 90 anos.
A simpatia que o povo tinha para com Dr. Rossi, influenciou bastante no comportamento dos Franciscanos, que se tornaram mais compreensivos.
O Governo transferiu a Estação Agronómica para Coqueiro, em 1904, para onde foi, também, Dr. Rossi, que a dirigiu até 1907, Nesse mesmo ano de 1.907, Dr. Rossi, retornou para sua terra natal, a Itália, deixando em Rio dos Cedros saudosas recordações. Da Estação Agronómica nada mais existe.
Uma parte daqueles terrenos estâ ocupada, pela grande Indústria Molas Marchetti.