Giovanni Trentini nasceu em Treviso, Itália, no dia 24 de junho de 1838. De família ilustre, jovem prendado e inteligente, formou-se na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Pádua. Como todo o moço daquela época de guerras, teve que servir ao exército durante 7 anos.
Giovanni Trentini se distinguir como heróico militar, no tempo da unificação dos Estados Italianos, tendo à frente Giusepe Garibaldi, Camicci Rosse – camisas vermelhas – Camilo Cavour e o Rei do Piemonte, Vittorio Emmanoele. Em 1870 com a tomada de Roma, Estado sob o poder dos Pontífices Romanos, a Itália toda começou realmente a existir unida, soberana e independente.
Giovanni Trentini no exército era corneteiro=mor, militar exemplar, ardoroso e cheio de coragem. Foi numa noite escuta (como ele contava), em plena guerra- talvez 1858 – que seu pelotão-sentinela avançou demais e estava a muitos quilômetros de distância das forças amigas. De repente viu-se cercado pelo inimigo. Tentou dar o alarme com sua corneta, mas mão misteriosa arrancou-lhe o instrumento e ele com o pelotão se puseram em fuga pela mata dentro, sem destino e sem saber aonde se dirigiam. Na fuga quase todos morreram atingidos pelas balas do inimigo, menos Giovanni Trentini e dois companheiros que a muito custo, chegaram ao acampamento extenuados, feridos e esfomeados.
Foi nesta ocasião que ele fez uma promessa: ” se eu me salvar, irei erguer uma capelinha a N. Sra. De Lourdes”. Sendo um homem de fé, criado num ambiente cristão, convicto de sua religião, não é de admirar que tivesse recorrido a proteção do céu, neste momento difícil.
Essa promessa, de fato, ele iria cumprir em 1890, em Pomeranos, Rio dos Cedros. Terminado o tempo do exército, voltou para casa. Constituiu logo depois, família. Nasceram-lhe duas filhas. Entretanto a desgraça caiu sobre ele… sua esposa veio a falecer.
Entusiasmou-se com a propaganda da Colonizadora Blumenau… Juntamente com o irmão Pietro, alistou-se na segunda leva. Embarcou com as duas filhas e o irmão, em um navio a vapor. A viagem foi cheia de peripécias, através do Oceano Atlântico, durou quase 3 meses. Tinha então 37 anos de idade. Na viagem faleceu uma de suas filhas, a menor. Apesar desse infortúnio, nada o abateu. Permaneceu firme na fé e cheio de confiança levou para frente todo o seu entusiasmo e altruísmo.
Chegado ao porto de Itajaí, seguiu com grupo de outras vinte famílias de imigrantes trentinos para tomar posse da colônia nr. 20, em Pomeranos, Rio dos Cedros. Vivendo no meio da mata com os seus, dedicou-se à lavoura. Estabelecido então cumpriu a promessa feita. A capela foi levantada sobre uma colina, a residência de Lúcio Lenzi.
Foi Giovanni Trentini foi escritor e poeta, cujas obras ainda existem em parte, entre essas, diversas poesias. Como não houvesse professores para todas aquelas crianças das quatro primeiras levas que chegaram a Pomeranos, as famílias o nomearam professor.
Foi um super-professor! Dedicado ao extremo, ia formando rapazes como líderes, fornecendo o curso primário. Fornecia o material didático, que recebia em parte do consulado italiano. Os colonos gostavam de seu trabalho e recebia também uma pequena remuneração do consulado italiano. Faleceu aos 81 anos de idade, em 1919. Hoje nossa cidade possuí um Colégio que mantém viva sua memória e sua dedicação.
Extraído do Livro História da Imigração Italiana de Rio dos Cedros – Páginas 123-124