VIAGEM HISTÓRICA
“Trentini Nel Mondo”, no. 10, Outubro de 1978
Uma página, uma longa e comovente página de afetos, recordações, de encontros, de descobertas, foi escrita na história da imigração trentina, pela viagem e estada em Trento, nos primeiros dias de outubro de 1978, da delegação que representou o Vale do Itajaí, onde residem mais de cem mil habitantes oriundos daquela terra italiana.
Eles representam, na verdade, um imenso oásis de trentinidade, no Brasil, dos mais significativos e tradicionais de toda a história da emigração da Província Autônoma de Trento, em vista do dialeto, que ainda é por todos falado, pelos costumes, pela religião, pelo mesmo tipo físico dos habitantes e pelo seu modo de vestir e viver.
A delegação era formada pelos prefeitos de quatro cidades do Vale do Itajaí, que em 1975 comemoraram 100 anos de imigração trentina: Ludovico Voltolini, prefeito municipal de Nova Trento; Estácio Pisetta, prefeito municipal de Rodeio; Leandro Possamai, prefeito municipal de Ascurra; Helmut Jansen, Prefeito Municipal de Rio dos Cedros, acompanhados de ilustre comitiva.
O motivo histórico desta visita estava ligado ao convite oficial formulado pelo governo da Província de Trento através do assessor das atividades culturais, Dr. Guido Lourenzi, que havia participado e dirigido as delegações da Província, nos festejos do centenário de Nova Trento, Rio dos Cedros e Rodeio, em 1975.
Foi e é provavelmente a primeira vez que uma comunidade eradicada da sua terra há mais de um século, subsistindo num isolamento por muitas dezenas de anos, se encontra com as raízes insuprimíveis das suas origens, num retorno histórico como foi’ o do Vale do Itajaí, à terra dos seus bisavós.
A procura dos arquivos poeirentos das canônicas, de certifica dos de batismo e de casamento, o encontro de pessoas admiradas a ver tão ilustre visita, portadora de história dos antepassados, que há 100 anos desbravaram uma grande área do Estado de Santa Catarina, excedeu de modo excepcional ao impacto emocional do encontro com o povo de Trento, seu irmão.
O primeiro contato com os descendentes trentinos de Santa Catarina com os de Trento, se deu no aeroporto de Linate, em Milão. Na recepção estavam presentes: Franco Fronza, velho amigo do Brasil; Lino Guardini, responsável do jornal “Trentini Nel Mondo” e a Srta. Ricarda Lorenzi, do Turismo Italiano. Uma condução especial levou a caravana do aeroporto de Milão diretamente a Trento, enquanto na viagem os hóspedes procuravam adivinhar a fisionomia do país que vinham redescobrir. A chegada a Trento se deu às 23 hs. do dia 29 de setembro. Após a recepção carinhosa pelas autoridades, expedição histórica foi hospedada na Vila San Nicolò, que o Arcebispo, Dom Gottardi, gentilmente cedera para esse fim.
Na tarde de sábado, 30 de setembro, a TV e a imprensa italia transmitiram para toda Itália o histórico evento.
A primeira visita oficial, foi realizada dia de sábado, à cidade de Borgo Valsugana, onde a banda de música, o coral, o povo e o prefeito, saudaram entusiasticamente os visitantes. Um grandioso espetáculo de fogos de artifício, encerrou a carinhosa manifestação naquela cidade, que. encontrou a estrada de sua origem de inúmeras famílias catarinenses.
Igualmente popular e de intensa amizade, foi o enccntro a Vigolo Vattaro, Vattaro e Bosentino, no dia seguinte, primeiro de outubro. Na concentração popular compareceram os três prefeitos das mencionadas cidades e todos juntos participaram dos festejos oficiais. Após, visitaram a velha casa onde nascera Amábile Visintainer, que emigrara com seus pais para Nova Trento e ai tundou a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.
De grande solenidade revestiram-se ainda as visitas ao Presidente da Província. Dr. Grigolli. ao Presidente dos Deputados, prof. Marganari; ao Presidente da Junta Regional. Comendador Marziani, ao Prefeito de Trento e ao Arcebispo, Dom Gottardi.
Surpreendentes foram as visitas a São Miguel. no Ádige, ao Museu Etnográfico, ao Santuário da “Madona de Piné”, ao Duomo, ao Castelo do Buon Consiglio. aos complexos industriais Marsilli, Volani e a Gráfica Manfrini, a célebres cantinas de Cembra, Aldeno e Civit, onde se fabricam os melhores vinhos do Norte da Itália.
Em Gárdolo, a comissio foi homenageada no salão da Tromba, com a apresentação do célebre coro tradicional, que executou diversas canções também cantadas em Santa Catarina, enquanto a multdidão aplaudia, ocasião em que o prefeito de Rio dos Cedros, Helmut Jansen em seu discurso. disse: “Se alguém dentre vós se lamentar de alguma coisa, diga que nós de descendência trentina de Santa Catarina, achamos que aqui tendes o paraíso na terra”.
Saudosas e impressionantes as visitas a conhecidos, às casas dos antepassados, a redescoberta de antigos cepos etnográficos e o giro, embora rápido, a toda a região de Trento e cidades, de onde vieram os imigrantes do Vale do Itajaí.
Os pedidos de informações, as perguntas, os colóquios, e os inúmeros momentos emocionais fizeram com que a delegação voltasse, depois de 20 dias de estrada, à terra Catarinense, feliz e maravilhada, pelo fato do povo que encontrou, pelos incomparáveis panoramas da natureza, pela grandiosidade da Cordilheira dos Alpes, das montanhas e vales, de onde vieram os italianos, que se estabeleceram em Santa Catarina.
Fonte: História e Imigração Itaiana de Rio dos Cedros, Victor Vicenzi(2ª edição), páginas 128 e 129.
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Informações sobre Trentini nel mondo
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